Laboratório em Clínica Psiquiátrica - CAPAAC

Conviver, agir, respirar, sentir as emoções, vertigens, delírios que os internos experimentam são sensações que cada pessoa ira ter diferentemente. O que sentir? Medo, insegurança, apreensão, nervosismo. A linha de tensão se manteve tênue do início ao fim. Assim foi o laboratório praticado pelos atores Ana Paula Ventury, Isabel Bremide e Luiz Carlos Cardoso na clínica psiquiátrica CAPAAC, em Cachoeiro/ES, no dia 30 de maio. Na ocasião, os três utilizaram a vestimenta dos internos e passaram um dia com eles, como se fossem pacientes da clínica. Apenas os profissionais estavam cientes da condição dos atores.

Por motivos óbvios, não exibiremos fotos dos internos aqui.

Esse laboratório fez parte do Grupo de Estudos Teatrais - Módulo Artaud.

"Histórias, estórias ou simplesmente contos surgem durante o dia e a partir da confiança conquistada, falas como - "roubaram meu cachorro, eu tinha um cachorro e roubaram meu cachorro" Maria Helena. História como a de Simone "meu pai me estuprou quando eu tinha 12 anos, ai eu engravidei de gêmeos e minha mão me mandou pra roça pra eu ganhar os bebês. Minha morreu quando eu tinha 13 anos e meu pai tomou os meus filhos disse pra eles que eram meus irmãos, eles acham que são meus irmãos, e eu tenho vergonha de contar pra eles que são meus filhos e que meu pai me estuprou". Muitos casos são fábulas ou reais, o mais importante é porque são contados, os pacientes falam o tempo todo de sua vida ou sobrevida para justificarem sua permanência em um local que deveria estar somente com loucos, o que nem sempre é caso deles, segundo os mesmos."
Isabel Bremide

"A grande impressão marcada em mim é a de que vivi momentos em um mundo metafísico, onde a realidade do mundo não existia. O tempo tinha parado naquele lugar, mas as pessoas internadas tinham um passado como qualquer outro – salvo exceções. São pais, mães, avôs, avós, filhos, que tem filhos, família, amigos, trabalho, uma vida social como eu e você. Naquele lugar, a loucura desocupa o lugar de algo fantástico para ocupar a cadeira da rotina, do que é do dia a dia. Vê-se no afeto, na solidariedade e na cumplicidade de cada um com o outro, principalmente com aqueles em estado mais grave de transtornos mentais".
Luiz Carlos Cardoso

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