Espetáculo “A Metamorfose” estreia em Cachoeiro



Grupo Anônimos realiza temporada de estreia com cinco apresentações abertas ao público em Cachoeiro de Itapemirim e uma em Vitória - Fotos de Farley José

Adaptado do livro homônimo de Franz Kafka, o espetáculo “A Metamorfose”, do Grupo Anônimos de Teatro, estreia no Centro Operário e de Proteção Mútua, no Centro de Cachoeiro de Itapemirim, no dia 20 de outubro (sexta), às 19 horas, com entrada gratuita. Já a cidade de Vitória recebe o espetáculo em fevereiro do ano que vem. A peça aborda as relações de opressão, descartabilidade e desumanização presentes no original, e que permanecem sendo temas relevantes, em muitos níveis, na sociedade atual. 

Além das apresentações abertas ao público, o grupo fará quatro apresentações para escolas do Ensino Médio de Cachoeiro. “A gente se apresenta em escolas para a formação de público, já que estamos numa cidade em que as pessoas muitas vezes não têm essa oportunidade de consumir cultura. Então a gente vai pela via da educação, chamando as escolas para essa conversa, para esse debate, para assistir teatro, para consumir cultura feita na cidade e da cidade. Além disso, o espetáculo é a adaptação de um livro, o que é um prato cheio para que a gente trabalhe com escolas”, aponta o ator Luiz Carlos Cardoso.

Com direção da bailarina Ivna Messina e dramaturgia de Fernando Marques, “A Metamorfose” traz o ator Luiz Carlos Cardoso em cena, acompanhado dos músicos Alessandra Biato e João de Paula Junior. Quem assina o figurino é Antonio Apolinário; e a luz, Daniel Boone. “A gente começou a experimentação do corpo e do texto em um processo anterior, intitulado ‘Exercícios para uma Metamorfose’. Com isso feito, a gente voltou para a sala e continuou a pesquisa de forma mais fluida, com caminhos mais direcionados para o que viria a ser este espetáculo”, explica Luiz. 

O projeto, que realizou um ensaio aberto no mês passado, também marca a estreia da bailarina Ivna Messina na direção de um espetáculo de teatro. Ela conta que partiu de sua experiência com o gesto e o corpo, acrescida dos textos que o dramaturgo ia propondo (incialmente, como roteiros de ação), para chegar aos personagens e ao narrador da história, todos interpretados pelo mesmo ator. 

“O começo do trabalho foi todo corporal, para identificar no Luiz características, gestos, modos de se mover que poderiam ser interessantes para a proposta da montagem. Depois, comecei a trabalhar imagens e células coreográficas a partir das ideias. Então, como uma coreografia, combino as imagens, gestos e células, repetindo, ressignificando, enquanto Luiz vai se movendo junto às palavras. Brinco dizendo que estou ‘coreografando o texto’”, conta a diretora.

Dramaturgia adaptada
Quase dez anos depois de ter montado seu último solo, “Viajante”, dirigido e escrito por Fernando Marques, Luiz Carlos reencontra-se com o dramaturgo, que assina o texto de “A Metamorfose”. Assim como anteriormente – e como costumam trabalhar Ivna e Fernando no Grupo Z, do qual fazem parte –, o processo de escrita se deu simultaneamente ao trabalho na sala de ensaio, com uma prática afetando e modificando a outra.

Um dos desafios para Fernando foi adaptar o texto literário para o teatro, não tanto pelo trabalho de adaptação de um clássico, uma prática já desempenhada pelo dramaturgo em outras montagens, mas sim por julgar o texto difícil de ser transposto para a cena. O caminho encontrado passou por escolhas como o tipo de narrador – que, na peça, se manifesta mais diretamente sobre o que narra –, a composição dos personagens e seu peso na trama, entre outros pilares importantes para a costura dramatúrgica.

O recorte temático também se deu coletivamente. “Tem um aspecto de desumanização e de descartabilidade de quem não é mais produtivo, de quem não gera mais-valia, de quem, por algum motivo, é posto à margem no esquema de produção. Você não serve mais. E isso em muitos níveis, porque permeia a vida pessoal, afetiva, familiar, a subjetividade; não é algo que se resuma aos aspectos profissional, econômico ou qualquer outra coisa por aí. Esse foi um caminho que me interessou e interessou à equipe”, explica Fernando.

Este projeto é realizado com recursos do Funcultura através do edital 013/2021 da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo.





SERVIÇO – TEATRO
 “A METAMORFOSE” – TEMPORADA DE ESTREIA 
Grupo Anônimos de Teatro

Dias: 20, 21, 27 e 28 de outubro (sextas e sábados); e 04 de novembro* (sábado)
*SESSÃO COM INTÉRPRETE DE LIBRAS
Horário: 19 horas
Local: Centro Operário e de Proteção Mútua – Rua 25 de Março, 189, Centro, Cachoeiro de Itapemirim (em frente à Casa dos Braga)
Classificação Livre
Entrada gratuita

Em Vitória:
Dia 17 de fevereiro, no Palácio da Cultura Sônia Cabral (horário a definir)

SINOPSE
Um homem desperta de sonhos intranquilos metamorfoseado num inseto monstruoso. Assim era visto por sua família. Assim era visto pelo gerente do trabalho. Pela empregada, pelos inquilinos que ocupam sua casa, pelo mundo. Neste espetáculo – um solo –, conta-se a sua história; o corpo reage, a situação se instala: quem realmente se metamorfoseia enquanto o tempo passa, enquanto um novo indivíduo surge, quem se transforma com o passar do tempo? O inseto monstruoso no qual se tornou Gregor Samsa está em cena: ele é um homem.

FICHA TÉCNICA
Direção: Ivna Messina
Dramaturgia: Fernando Marques
Intérprete: Luiz Carlos Cardoso
Trilha sonora: Alessandra Biato e João de Paula Junior
Cenário e figurino: Antonio Apolinário
Iluminação: Daniel Boone
Identidade visual e fotografias: Farley José
Assessoria de imprensa: Patricia Galleto
Direção de vídeo: Diego Scarparo
Direção de produção: Luiz Carlos Cardoso
Produção – Cachoeiro: Amanda Malta
Realização: Grupo Anônimos de Teatro

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