VERBINHO // CONHEÇA O SARAU PARA CRIANÇAS QUE ACONTECE EM BURARAMA E EM CACHOEIRO

Com a participação de artistas locais, crianças e jovens protagonizam o tradicional evento literário.

Nos próximos dias 26 de março e 02 de abril, a praça central de Burarama e a Casa dos Braga em Cachoeiro recebem o projeto Verbinho, um desdobramento do Sarau Verbo Intransitivo, realizado desde 2009 pelo Grupo Anônimos de Teatro. A entrada é gratuita.

Idealizado pelo ator Luiz Carlos Cardoso e pela professora e poetisa Milena Paixão, o Sarau Verbo Intransitivo já aconteceu em edições itinerantes, em bares, centros culturais e praças; e em edições temáticas, homenageando artistas locais como Sérgio Sampaio e Rubem Braga, sempre dando espaço a artistas que estão em plena produção, além de três edições em Santiago do Chile, intercambiando com artistas latino-americanos.

Segundo Milena, “percebemos que quando realizados em espaços públicos ou em centros culturais, é frequente a presença de crianças, que desfrutam o momento à sua maneira: correndo e brincando nos arredores do palco, dançando durante as apresentações musicais, colorindo os folhetos do logotipo, rindo das apresentações teatrais ou mesmo irrompendo no palco nos momentos mais inesperados. O encanto dessas participações aparentemente periféricas não deixou de chamar-nos a atenção e gerar a semente de uma ideia que fomos cultivando amorosamente: dedicar uma edição do Sarau exclusivamente às crianças e pré-adolescentes.”

VERBINHO terá oficinas de contação de histórias com a Cia. Nós de Teatro, de poesia com Milena Paixão e de ilustração com Zé Ricardo. O que for produzido nestas oficinas, destinadas a crianças e jovens, será apresentado no Sarau. Já o evento conta com a participação de Amélia Barreto, Alessandra Biato, João de Paula Junior, Maria Elvira Tavares Costa, Cia. Nós de Teatro, Zé Ricardo, Amanda Malta, Milena Paixão e Luiz Carlos Cardoso.

Os dois eventos acontecem ao ar livre, em espaços abertos. O uso de máscaras e o distanciamento de pelo menos 1 metro é solicitado.

O projeto é uma realização do Grupo Anônimos de Teatro com produção da Companhia do Outro. Contemplado pela Lei Rubem Braga de Incentivo à Cultura de Cachoeiro de Itapemirim.

SERVIÇO:

VERBINHO

26 de março – 18h
Praça Central de Burarama

02 de abril – 18h
Casa dos Braga – Cachoeiro

Entrada gratuita

Fotos: Ariny Bianchi

SARAU VERBO INTRANSITIVO

O Sarau Verbo Intransitivo nasceu de uma inquietação, de uma vontade irresistível de contar, de espalhar a notícia da poesia, de aguçar o olhar, multiplicar as perspectivas, enfim, de gerar uma partilha desinteressada. Começamos com a leveza de uma roda de conversa: sentados no chão mesmo, pernas cruzadas, algumas taças de vinho, livros e meia-luz. Chamamos o encontro de Verbo Intransitivo como uma homenagem a Mario de Andrade e uma tentativa de enaltecer aos verbos quando se mostram inteiros em si, propícios e férteis: amar, cantar, trabalhar, dançar.

Mario de Andrade também nos inspirou ao ser ele mesmo um dos principais representantes do Modernismo, esse movimento artístico que propôs valorizar o local sem fechar-se ao estrangeiro, à alteridade que tem potencial pra engrandecer. Macunaimizamos nosso encontro ao mostrar extrema preguiça em relação a purismos, em relação ao verbo que não aproxima, à fala que segrega a poesia a um pedestal. Antropofagizamos nosso movimento ao permitir que ele crescesse e se transformasse a cada edição de acordo com a disposição e necessidade do momento: andamos por bares, cafés, casas de amigos e salas de teatro; falamos do mar, de sexo, de amor, de política e de caracóis; migramos através de fronteiras físicas e linguísticas e falamos 10 de 16 outros idiomas: catalão, inglês, castelhano; convidamos músicos, designers, fotógrafos, cineastas, tecedoras e performáticos.

Não há moral da história, mas no fim de cada Sarau sempre se vai com a sensação clara de que a bagagem é maior do que antes: as individualidades se cruzam, as supostas intransitividades artísticas se cruzam e o coletivo se enriquece enormemente. É que com o tempo e as aulas de gramática superadas começamos a ver que os verbos intransitivos não precisam ser duros, imóveis, isolados: esses verbos também transitam, transam, têm intrínseca uma qualidade porosa, um deixar-se perpassar cheio de bons mistérios. Assim também é a com a arte, com a poesia, com o poetizar: esse que talvez seja o mais fundamental e plural dos verbos intransitivos.