Sarau Verbo Intransitivo volta ao Chile

Pela terceira vez, Santiago recebe o projeto Sarau Verbo Intransitivo. Criado no Brasil pela escritora Milena Paixão e pelo ator Luiz Carlos Cardoso, o evento promove a literatura cruzando diversas linguagens artísticas. Patrocinado pela Lei Rubem Braga de Incentivo à Cultura da cidade de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, o evento acontece no dia 09 de fevereiro, domingo, às 17 horas, no Centro Cultural La Barraca (Calle Paraguay, 8749 – Metro Rojas Magallanes). Participam artistas brasileiros, chilenos e venezuelanos como Amélia Barretto, Alessandra Biato (música), Amanda Malta (teatro), Isa Flautaro (música), Viviana Guerra (música) e Iván Brandt (teatro). A entrada é gratuita. Além de leituras dramáticas, cenas e performances músicas, haverá microfone aberto para o público participar com suas intervenções e propostas.

Mais informações:
www.facebook.com/sarauverbointransitivo

Vídeos:
Cachoeiro/Guaçuí/Vitória: https://www.youtube.com/watch?v=8NptDxFqEDY
Chile: https://www.youtube.com/watch?v=MK6l1ckLbrs&t=180s



Sobre o Sarau
O Sarau Verbo Intransitivo nasceu de uma inquietação, de uma vontade irresistível de contar, de espalhar a notícia da poesia, de aguçar o olhar, multiplicar as perspectivas, enfim, de gerar uma partilha desinteressada. Começamos com a leveza de uma roda de conversa: sentados no chão mesmo, pernas cruzadas, algumas taças de vinho, livros e meia-luz. Chamamos o encontro de Verbo Intransitivo como uma homenagem a Mario de Andrade e uma tentativa de enaltecer aos verbos quando se mostram inteiros em si, propícios e férteis: amar, cantar, trabalhar, dançar.

Mario de Andrade também nos inspirou ao ser ele mesmo um dos principais representantes do Modernismo, esse movimento artístico que propôs valorizar o local sem fechar-se ao estrangeiro, à alteridade que tem potencial pra engrandecer. Macunaimizamos nosso encontro ao mostrar extrema preguiça em relação a purismos, em relação ao verbo que não aproxima, à fala que segrega a poesia a um pedestal. Antropofagizamos nosso movimento ao permitir que ele crescesse e se transformasse a cada edição de acordo com a disposição e necessidade do momento: andamos por bares, cafés, casas de amigos e salas de teatro; falamos do mar, de sexo, de amor, de política e de caracóis; migramos através de fronteiras físicas e linguísticas e falamos outros idiomas: catalão, inglês, castelhano; convidamos músicos, designers, fotógrafos, cineastas, tecedoras e performáticos.

Não há moral da história, mas no fim de cada Sarau sempre se vai com a sensação clara de que a bagagem é maior do que antes: as individualidades se cruzam, as supostas intransitividades artísticas se cruzam e o coletivo se enriquece enormemente. É que com o tempo e as aulas de gramática superadas começamos a ver que os verbos intransitivos não precisam ser duros, imóveis, isolados: esses verbos  também transitam, transam, têm intrínseca uma qualidade porosa, um deixar-se perpassar cheio de bons mistérios. Assim também é a com a arte, com a poesia, com o poetizar: esse que talvez seja o mais fundamental e plural dos verbos intransitivos.

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